Nome:
Karyn Liane Teixeira
Idade:
39
Natural: Curitiba-PR
Formação/profissão:
Pedagoga
Acorda
Petrópolis - Fale um pouco sobre sua história:
Desde pequena
eu tinha muita vontade de ser professora. Fui crescendo e minha vontade de
trabalhar com crianças só aumentava. Ingressei na faculdade de Pedagogia e
comecei a dar aulas para a educação infantil. Mas meu destino acabou sendo
outro. Após minha conclusão de pós-graduação em Informática na Educação,
comecei a trabalhar com formação de tecnologia educacional para professores.
Foram mais de 10 anos coordenando projetos, palestrando e ensinando professores
a usar o melhor da tecnologia com seus alunos. Acabei me tornando mestre pela
Universidade de Lisboa e nesse período conturbado fiquei grávida. Quando meu
filho nasceu, toda aquela vontade de trabalhar diretamente com crianças voltou
à tona. Hoje meu filho tem sete meses e fico com ele em tempo integral. Aprendi
muito nesse período e decidi seguir a função de blogueira para escrever sobre temas
que envolvem família e educação.
Acorda
Petrópolis - Você criou uma página para diálogo entre país e filhos, comente. A
questão de ser mãe contribuiu de alguma forma?
Sim com
certeza. O blog “Diálogo com filhos” nasceu com o objetivo de compartilhar
minhas experiências educacionais especialmente com pais e mães. Contém publicações
de matérias com intuito de promover maior vínculo entre pais e filhos dentro de
um contexto educativo. Como mãe, acho que as dicas ajudam muito no nosso dia a
dia corrido.
Acorda
Petrópolis – Como surgiu a ideia para a criação da página?
Surgiu com duas
funções: a primeira, como mãe, de trazer dicas para fortalecer laços entre pais
e filhos. Quem trabalha o dia inteiro e sofre com a correria do dia a dia se
sente muitas vezes culpado por não dar muita atenção aos filhos. E tenta
compensar com presentes, o que é um erro. O blog tem objetivo de criar uma
cultura de maior vínculo entre pais e filhos, mesmo com a correria no dia a dia
e a falta de tempo. Qualidade é mais importante que quantidade nas relações
familiares e propostas educativas ainda ajudam no desenvolvimento cognitivo dos
filhos. A segunda função do blog foi pensado como educadora. Nossas escolas
estão assumindo um papel que vai além de suas funções, que é a educação
familiar das crianças. A escola é uma extensão da educação em casa, ela tem a
função de sumária de escolarizar. E educar é muito mais que isso. Imagine um
professor ter que educar uma sala de aula com 30 alunos? Lidar om emoções e
valores de cada um? Melhorar as relações em casa com os pais só vai aproximar
ainda mais a escola e a família em uma relação mais saudável.
Acorda
Petrópolis - Você considera importante
a criança frequentar escolas de Educação Infantil?
Considero sim.
Com as famílias cada vez menores e com filhos únicos, a escola se torna
fundamental no processo de socialização. As crianças aprendem mais rápido,
porque se relacionam com mais frequência com outras crianças da mesma idade e
não só com adultos. A educação infantil traz bases que a criança leva para a
vida toda. Aprendem a se frustrar também, o que é horrível para os pais, mas
uma experiência fundamental para os filhos. É claro que isso não acontece com
os bebês, que, por necessidade das mães trabalharem, precisam ir muito novinhos
para as creches. Mas a partir dos dois anos, aconselho a matrícula em uma boa
escola de Educação Infantil independente se a criança tem ou não com quem ficar
em casa.
Acorda Petrópolis - O que você entende por infância?
Infância é a fase mais mágica e
maravilhosa da vida de um indivíduo. Ou pelo menos deveria ser. É a fase de
maior aprendizado e desenvolvimento humano, que acontece principalmente quando
a criança brinca. O ato de brincar é indispensável na infância e traz muito
mais benefícios para sua formação de vida do que imaginamos. E é a fase em que
devemos por limites, porque a criança acha que pode tudo. E ela precisa ser
orientada, pois não sabe fazer discernimentos do que é certo ou errado e não
sabe expressar com clareza o que está sentindo. Por isso faz birras. Para uma
criança ter uma infância feliz, é preciso dar muito amor, colocar limites sem
ser autoritário e gerar confiança, dando a ela espaço para se expressar e usar
a imaginação por meio das brincadeiras.
Acorda Petrópolis - Quais os desafios impostos ao
profissional de Pedagogia, no seu ponto de vista?
Uma dos desafios eu já mencionei:
ter que assumir uma educação mais ampla com os alunos, que é uma tarefa para os
pais. Mas há muitas outras, que são vivenciadas não só por pedagogos, mas por
professores em geral. Conviver com alunos que trazem uma bagagem emocional
muito negativa e ter que lidar com isso. Vencer a indisciplina para poder
exercer o seu papel. Trabalhar em muitas
situações com recursos escassos. Encontrar tempo para aprender, estudar e se
atualizar para dar conta do seu próprio trabalho. E o pior: conviver com a
falta de valorização profissional que não recebemos do governo, dos pais, dos
alunos e da própria comunidade escolar. Vira mais um trabalho por amor do que pela
carreira e o salário ainda é uma vergonha nesse país.
Acorda Petrópolis – Num comparativo: dentro do local onde
trabalhava e o que faz agora com o site qual o fator que lhe ajudou a
desenvolver sobre o assunto, ou não houve? Explique:
Houve sim. Conheci muitas escolas
publicas e particulares no Brasil todo. Vi realidades de alunos e dificuldades
dos professores. Mas vi muitos trabalhos nas escolas que me orgulhavam de ter
escolhido minha profissão. Alunos e professores dedicados e comprometidos com a
mudança do ensino para melhor. Pais participativos, abertos ao diálogo com a
escola. Tudo isso é fator de inspiração para o meu blog. Se alguns pais fossem
mais participativos na vida escolar dos filhos e se fossem mais comprometidos
nas relações com eles em casa, isso refletiria com mais positividade nas
escolas com certeza!
Acorda
Petrópolis - Em sua opinião a crise atual influencia na questão educacional no
país?
A Educação sempre foi valorizada
nos discursos políticos, mas não é o que vemos na prática. Com a crise, vemos
governos cortando gastos significativos nessa área, o que mostra o descaso
total com a Educação. Escolas fechando, verbas cortadas, merendas desviadas. O
ensino público no Brasil grita por socorro. Do outro lado, as escolas
particulares “pagam o pato” por não ter condições de investir mais e de não
aumentar a mensalidade para não perder mais alunos. Também sofrem horrores com
a inadimplência de pais desempregados e mesmo assim não podem impedir o aluno de
frequentar a escola. Se o pai precisa priorizar as contas, a escola eventualmente
acaba ficando no final da lista.
Acorda
Petrópolis – Você escreve seus artigos em cima da
teoria, como isso se desenvolve na prática?
Muito do que escrevo já vivenciei
na prática, seja nas escolas ou na observação de outras famílias. Tenho
sobrinhos também, que acabam abrindo excelentes oportunidades para vivenciar
variadas situações. Leio muitos depoimentos de mães e pais aflitos e pesquiso
muito sobre o assunto. E o que escrevo é considerado sempre como sugestão e
dicas. Não deve ser visto como manual a ser seguido à risca e sim intermediado
nas relações cotidianas ou naquilo que os pais estão precisando melhorar.
Acorda
Petrópolis - Qual foi a melhor conquista que já
obteve?
Minha vida profissional sempre
foi bastante desafiadora e rendeu excelentes conquistas. Mas nenhuma se compara
à conquista do meu papel de MÃE. É fácil falar do filho dos outros, dar
conselho para os outros. Mas quando se é mãe ou pai, muita coisa começa a fazer
sentido e outras não mais. Você pensa duas vezes antes de falar algo que não
seja, em primeiro lugar, bom para SEU filho. Cada dia é um desafio e uma
conquista diferente. Ver seu filho crescer saudável, inteligente e amoroso é a
melhor conquista que uma mãe pode ter. E é isso que desejo aos pais e mães que
leem meu blog.
Acorda Petrópolis – Tem vontade de trabalhar diretamente com crianças?
Comente.
Tenho sim e espero que isso aconteça em breve. As crianças não só nos
proporcionam experiências profissionais incríveis, como nos dão muitas lições
de vida.
Acorda Petrópolis - Qual o papel
dos tablets, smartfones, da internet em si na Pedagogia?
Os tablets e
smartphones fazem parte da vida das nossas crianças como o videocassete fez da
nossa vida. Não há como fugir disso. Ignorar essas tecnologias no ambiente
escolar só irá fazer com que o aluno não se sinta parte daquele ambiente,
porque não é o que ele vivencia no dia a dia. E vai trazer desmotivação e
desinteresse. Há muitos exemplos de projetos interessantíssimos na internet com
escolas utilizando esses equipamentos, trazendo resultados fantásticos para os
alunos e que podem ser usados como modelo. Obviamente, esses aparatos não
precisam estar presentes o tempo todo no período escolar. Defendo totalmente o
uso de smartphones e tablets somente com objetivos pedagógicos. Não faz o menor
sentido o aluno ficar postando piadas no Facebook ou enviado mensagens no
whatsapp para amigos durante a aula. Tudo tem que ter critério e limite. Cabe a
nós, professores e pedagogos, orientar os alunos para o bom uso dentro dos
espaços escolares e informá-los sobre os perigos da exposição excessiva em
redes sociais. O problema não está só nos equipamentos e sim na maneira como
são usados. A internet traz muitas possibilidades de atividades incríveis, mas
deve ser analisada criticamente. Não é um ambiente totalmente seguro e nem tudo
que está escrito lá é verdadeiro. Portanto, não podemos ignorar completamente o
mundo digital nos espaços escolares, que hoje é uma realidade presente na vida
de crianças e jovens do mundo todo. Além disso, em muitos casos, é a própria
escola que oportuniza a inclusão digital de alunos carentes. Privá-los disso pode
fazer com que eles tenham mais dificuldades em enfrentar o mercado de trabalho
futuramente. Se hoje o domínio das novas tecnologias já é requisito básico para
muitos empregos, imagine no futuro.
Acorda
Petrópolis -
Deixe
um recado aos leitores do Acorda Petrópolis e o público que segue sua página.
Se você tem
filhos, deve saber que o tempo não espera. Esses dias eu vi uma mensagem no
Facebook que dizia o seguinte: “Previsão do tempo: ele tá passando”. Seus
filhos hoje são pequenos, mas amanhã serão adultos. Seus filhos querem um pouco
do seu colo hoje, mas amanhã eles não terão tempo para te dar um beijo de bom
dia porque precisam correr para o trabalho. Seus filhos hoje querem um tempinho
seu para brincar com eles. Amanhã, eles estarão saindo com os amigos à noite e
te deixarão sozinho em casa. E você vai sentir falta do tempo que não teve com
eles. Por mais louça que tenha para lavar, casa para limpar, trabalhos do
escritório para fazer em casa, priorize sempre um tempinho com seus filhos.
Meia hora, uma hora, quinze minutos por dia. Não é quantidade de tempo, mas a
intensidade da sua presença que faz a diferença. Que sua companhia seja
divertida, produtiva, sincera. Olhe seu filho nos olhos quando falar com ele.
Mostre a seu filho que ele pode confiar em você, para que quando ele precisar,
seja você a pessoa com que ele decidiu se abrir. Para os
males do mundo há somente uma cura: o amor. Ame seus filhos como se fosse seu
último dia de vida. É o melhor legado que você pode deixar para eles!
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